quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Assembléia debate sobre trabalho em hospitais conveniados aos SUS


   FEESSERS e SINDISAÚDES participaram, levando sua contribuição .

   A Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa abriu espaço hoje (21/08), pela manhã, para o debate sobre as condições de trabalho, o salário e a jornada dos trabalhadores que atuam nos hospitais conveniados ao SUS no Rio Grande do Sul. A direção da Federação e dos SINDISAÚDES de Caxias do Sul, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, São Borja, Vale dos Sinos e o SINDISAÚDE-RS participaram do encontro. 




   O presidente da FEESSERS, Milton Kempfer, alertou para o fato de os hospitais enfrentarem uma debandada de profissionais: “Os salários são baixos e os reajustes concedidos se tornam insuficientes”. 

   Segundo ele, a situação força os trabalhadores a buscarem outros setores da economia, onde não tenham que trabalhar nos finais de semana, feriados e expostos a agentes químicos e biológicos. “Eles buscam funções menos complexas e penosas”, advertiu o dirigente. 

  Milton disse esperar que o Legislativo apóie o pedido da Federação de que o Governo do Estado crie uma faixa salarial específica para os técnicos de enfermagem. 

    O presidente do SINDISAÚDE-RS, Gilmar França, pediu compromisso da parte dos parlamentares. Disse que enquanto cidades como Belo Horizonte e Rio de Janeiro já criaram o piso regional para a categoria, “é vergonhoso o que ocorre aqui”. Afirmou que, devido a essa situação o índice de faltas em alguns hospitais é muito elevado, uma vez que o técnico de enfermagem, muitas vezes, prefere faltar e ter descontado em torno de R$ 40,00 do seu salário para poder assumir um plantão particular em que recebe R$ 150,00. Ele também alertou para o que chama de uma “fuga maciça” de profissionais do setor. 

   Como representante do Conselho Estadual da Saúde, o presidente do SINDISAÚDE do Vale dos Sinos, Jeisson Andrei Rex, apontou para dificuldade enfrentada pelos trabalhadores da saúde nas suas condições do trabalho, com um grande número de horas extras que ficam acumuladas em bancos de horas e sem perspectivas de plano de carreira. Para ele, a falta de divisão dos lucros obtidos pelos hospitais acaba prejudicando, em última análise, o usuário do sistema. Ele também lembrou o subfinanciamento histórico do setor e defendeu o estabelecimento de uma mesa de negociação permanente do SUS. 

   O representante do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre, Amilton Fernando Pessoa Farias, também mencionou o plano de carreira dos trabalhadores da saúde e a jornada de 30 horas como prioridades. 

   A integrante do Conselho de Ética do COREN-RS, Tatiane Bernardes, também defendeu a redução da jornada para 30 horas como uma foma de o profissional buscar qualificação. Manifestou-se contra as terceirizações e a sobrecarga de trabalho da enfermagem que hoje enfrenta um número excessivo de pacientes nos hospitais. 

   A presidente da ABEN-RS, Terezinha Valduga, também enfatizou a importância do trabalho da enfermagem e a necessidade de especialização do segmento, que hoje necessita também de conhecimento de informática e idiomas pela complexidade de equipamentos utilizados na saúde. 

A palavra do Legislativo 

   O deputado Valdeci Oliveira (PT) - coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Enfermagem – ressaltou a responsabilidade da Casa sobre o assunto. Ele disse que a Comissão de Saúde continuará pautando o tema da valorização dos profissionais da saúde porque ela é fundamental para o sistema de saúde e deve ser priorizada pelos gestores. “Não adianta apenas as instituições terem eficácia para buscar mais recursos públicos se nada ou se muito pouco vai para seus recursos humanos. Seremos instrumentos de pressão permanentes para as mudanças”, complementou. 

   O deputado Dr. Basegio (PDT) chamou a atenção para projeto de sua autoria (PL 231 2011), que segundo ele, poderá minimizar o problema da sobrecarga de trabalho dos enfermeiros. Pelo projeto, ficam estabelecidos os parâmetros para dimensionar o quantitativo mínimo dos diferentes níveis de formação dos profissionais de enfermagem para a cobertura assistencial nas instituições de saúde públicas e privadas no Estado. 

Outras categorias 

   “ Houve um considerável aumento dos repasses para os hospitais, porém não se observa investimento maior nos trabalhadores”, advertiu a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do RS, Cláudia Silva. Segundo ela, a categoria tem sido tratada como profissionais de terceira linha e “corre o risco de parar”. 
 
   O vice-presidente do Sindicato dos Nutricionistas do RS, Helvio Weissheimer De La Corte, relatou que  os sindicatos vem trabalhando com uma pauta unificada que não é vencida e que gera um crescente tensionamento em relação aos grandes hospitais, o quê vem “tomando rumos preocupantes”. 

   A vice-presidente do Sindicato dos Farmacêuticos no Estado, Liane Gabe, cobrou mais valorização. “Lidamos com a vida e a morte, com a saúde e a doença e não estamos sendo valorizados”, disse. 

   A vice-presidente do Sindicato dos Farmacêuticos no Estado, Liane Gabe, disse que em um momento de tantos avanços tecnológicos o trabalho humano não tem sido valorizado. “Lidamos com a vida e a morte, com a saúde e a doença e não estamos sendo valorizados”, disse. 

Hospitais pedem mais recursos 

   O diretor administrativo do Hospital Vila Nova, Jalmir Pin, representando o Sindiberf, observou que o setor reúne 245 unidades no RS , que seriam responsáveis por 68% das internações. Apesar de reconhecer a ampliação dos investimentos nas instituições, ele afirmou que os filantrópicos passam por uma crise financeira, que se agrava a cada ano. Conforme Pin, em 2005, a dívida do setor era de R$ 5 bilhões e, em 2013, deve superar os R$ 15 bilhões. As causas, segundo ele, seriam os valores da tabela do SUS e a falta de investimentos federais. “Repassem têm aumentado, porém sem mais investimentos não há como mudar cenário”, avisou. 

   O gerente de Recursos Humanos do GHC, José Pedro Silva da Luz, abordou as dificuldades de negociação em um setor dividido em público e privado. Lembrou. Para ele, embora o GHC seja público, está ligado aos sindicatos privados, o que impede determinados avanços. Disse também que a discussão não pode se restringir apenas a questões salariais e que é preciso investir em formação. 

   Entre as reivindicações levantadas na audiência também constaram redução da jornada de trabalho, a regulamentação do piso regional, o pagamento de adicional noturno e de especialização e reajustes salariais que garantam ganho real nos vencimentos. 

Rosa Pitsch (MTb-5015)


Fonte: FEESSERS

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