sábado, 28 de março de 2020

Em defesa da vida: Sindisaúde Vale dos Sinos e outros sindicatos ingressarão com ação para suspender imediatamente campanha do governo que incentiva o fim do isolamento


É um tremendo contra-senso que se gaste 4,8 milhões em uma campanha publicitária que não foi licitada, aproveitando a situação de calamidade em decorrência do vírus, para prestar um desserviço e estimular a população a ir contra o que todas as autoridades e países do mundo estão fazendo (isolamento social) e voltar às atividades comerciais normais. 

Diante deste cenário, o Sindisaúde Vale dos Sinos/RS, Sintrajufe/RS, o Cpers/Sindicato e o Sindbancários ingressarão com uma série de ações judiciais pela suspensão imediata da campanha em que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) defende o isolamento vertical durante a pandemia do coronavírus. Tratada como emergencial, e por isso sem licitação, a campanha “O Brasil não pode parar” tem custo estimado em R$ 4,8 milhões e pode significar a morte de milhares de brasileiras e brasileiros.

A campanha, cuja peça principal é um vídeo, tem previsão de lançamento sábado, mas já circula em redes sociais e grupos de mensagens de apoiadores do governo. Em pronunciamento em rede nacional, no dia 24, Bolsonaro havia defendido essa posição, o que contraria órgãos como a Organização Mundial de Saúde (OMS), infectologistas de todo o mundo e até o próprio Ministério da Saúde. Nesta semana, verdadeiras carreatas da morte em diversas cidades, entre elas Porto Alegre, endossaram essas manifestações, colocando o “mercado” acima da vida e várias vidas em risco.

O Sindisaúde Vale dos Sinos reforça que os trabalhadores da saúde e toda a população estão correndo muitos riscos ante esta pandemia, e principalmente se forem liberadas as atividade. Se houver um relaxamento do isolamento, a contaminação será catastrófica, aumentando vertiginosamente o número de mortes, trazendo colapso e esgotamento do serviço de saúde e o caos social. Segundo o presidente do Sindicato Andrei Rex, "nossa missão maior é preservar os trabalhadores da saúde, pois são eles os primeiros a serem expostos a esta terrível doença. Desde o início da pandemia, o Sindicato vem cobrando condições de trabalho, EPIs, contratação de mais profissionais para suprir a demanda desta situação que estamos enfrentando."

Em meio à pandemia, não há como voltar à “normalidade”. O isolamento vertical considera que devem ficar em casa apenas as pessoas dos grupos de risco, como idosos e portadores de doenças respiratórias. No entanto, pessoas fora desses grupos, mesmo sem adoecer, transmitem o coronavírus. E muito rapidamente. Há relatos, também, de mortes de pessoas jovens e sem essas patologias. Portanto, o isolamento horizontal é necessário para evitar uma tragédia ainda maior. Na Itália e na Espanha, sob o mesmo argumento de que “não podemos parar”, os governos desdenharam da gravidade da situação e, assim como está fazendo Bolsonaro, apostaram no isolamento vertical. O resultado são milhares de mortos, a ponto de não haver lugar para enterrá-los.

O que deve ser feito, neste momento, é garantir renda, garantir salários, fortalecer o serviço público, o atendimento à população, o sistema de saúde. Mas o governo e congressistas, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao contrário, utilizam-se da crise de saúde para atacar ainda mais os servidores, propondo cortes de salários.

A campanha do governo desinforma e, por isso, coloca em risco real a saúde da população brasileira e pode levar milhares à morte. Não faltam exemplos de fora para mostrar o tamanho que a tragédia pode atingir, mas, para o governo, só importam os lucros dos grandes empresários. Não se pode colocar o mercado e o lucro acima da vida.

Cada vida importa.